Os jardins do Palácio de
Cristal servirão de cenário para a festa de lançamento de “Venha Ver o Sol”, o
segundo CD da banda Tribo de Gonzaga, no feriado de 7 de junho, a partir das
19h. A banda que vem se apresentando regularmente por todo o estado – tocou
para 15 mil pessoas no Roça in Rio do ano passado, por exemplo – pretende
superar a festa do primeiro disco, há três anos, embora a Prefeitura tenha
limitado a mil pessoas a capacidade de público para o evento, por razões de
segurança. Além do ingresso – R$ 20, com direito ao CD – quem comparecer deve
levar uma peça de roupa, que será doada à Campanha do Agasalho em Petrópolis.
Embora nascida e criada em
Petrópolis, no seu segundo CD a Tribo de Gonzaga reafirma seu compromisso com a
música brasileira de inspiração nordestina. Tal compromisso é evidente desde o
seu sobrenome, já que a banda surgiu com a proposta de recriar as canções do
mestre Luiz Gonzaga em arranjos modernos. Mas em Venha Ver o Sol ela deu um
passo além, ao incorporar ao seu rol de parceiros pelo menos dois compositores
do Nordeste com respeitáveis obras artísticas: o poeta popular pernambucano
Xico Bizerra e o cantautor maranhense Cesar Nascimento. Sem falar em
Edu Lobo, que embora seja carioca, tem quase toda a sua obra inspirada em raízes
nordestinas. Edu está presente com Lero-Lero (“Sou brasileiro de
estatura mediana/Gosto muito de fulana/Mas sicrana é quem me quer”),
bem-humorado retrato de nosso povo. Já Bizerra teve musicado pela banda o poema
que fez para Míriam, jovem filha de um amigo, uma das canções mais líricas do
disco.
Embalado num primoroso encarte
gráfico produzido pela artista plástica Raquel Theo, com direito a letras e
cifras musicais, Venha Ver o Sol foi produzido, gravado, mixado e masterizado
por Gabriel Tauk nos estúdios da banda em Petrópolis. É mais um importante
passo para o grupo formado por Gabriel Tauk (baixo e vocal de apoio), Guido
Martini (voz e violão), Toni Magdalena (voz e triângulo), Bruno Guimarães (sax
e flauta) e Alexandre Pereira (zambumba), músicos petropolitanos que optaram
pelo caminho independente para não comprometer sua arte.
Xóte, maracatu e baião
Mais maduro e mais arrojado
que o primeiro disco, Venha Ver o Sol não se limita ao rótulo generalizador de
“forró”, embora gêneros como xote (em Serenin), xaxado (O Céu Clariô, Cantador)
e baião (Cirandeiro) estejam presentes entre as 12 faixas do disco
(interessante notar, aliás, o contraste entre ritmos nordestinos e o sotaque da
banda, sem falar em sua poética essencialmente roqueira e urbana). Nove das 12
faixas são composições próprias. No disco há um pouco de maracatu, de ciranda,
de baião, um pouco de toada e galope. E muitas pitadas de rock e de blues, sons
que influenciaram os músicos da Tribo de Gonzaga.
O carro-chefe do novo disco é
a faixa-título, que já é cantada em uníssono nos shows da Tribo de Gonzaga:
“Venha ver o sol da minha janela/Que ele vem de graça e na contramão/Dessa
gente toda que corre às cegas/Sem saber que a luz chega ao coração”. A
homenagem ao Rei do Baião vem explícita já na faixa 2, Cirandeiro (Eu vim da
ciranda, sou cirandeiro/Eu fiz de Gonzaga o mestre primeiro/Procurei a batida
mais bonita/Que fale à voz do coração), um baião ornamentado pela
brasileiríssima viola de Guto Menezes, com a flauta de Bruno Guimarães fazendo
as vezes de sanfona. Há espaço também para lembrar outros três ídolos
declarados da banda, Alceu Valença, Zé Ramalho e Geraldo Azevedo, citados
literalmente na faixa 5: “Vejo você chegar, dançar tão linda/Cantando sem parar
Geraldo, Zé e Alceu/E se eu me arriscar com as palavras/Eu vou viver
feliz/Sabendo que eu te fiz uma canção de amor” - com direito a
arranjo vocal que lembra Beatles, enriquecido pela guitarra sessentista mas
poderosa do convidado Ricky Oliveira.
Esperança Seca nº 2 é a canção
mais experimental, com um final surpreendente, meio progressivo. Mas Sinta
Pereira, a faixa 4, talvez seja a que mais claramente sintetiza o som pulsante
e único da Tribo de Gonzaga, para o qual os fãs criaram o slogan: Não é
forró, é Tribo de Gonzaga. Ela nos remete inicialmente às grandes canções do
auge de festivais da MPB – mas por causa do arranjo conduzido pelo baixo
poderoso de Gabriel Tauk, poderia figurar numa compilação de hard rock, exceto
pelo fato de que um teimoso triângulo tilinta o tempo todo, como a lembrar: Não é rock, é Tribo de Gonzaga. (José de
Arimateia, jornalista)
FICHA DO DISCO VENHA VER O SOL:
Tribo de Gonzaga: Guido
Martini (voz e violão, Toni Magdalena (voz e triângulo), Gabriel Tauk (voz e
baixo elétrico), Bruno Guimarães (sax e flautas), Alexandre Pereira (vocal de
apoio e Zabumba).
Participações especiais: Ana
Cristina Sampaio (voz em “O céu clariô, cantador e Lero-lero), Guto Menezes
(cavaco e viola Caipira), Anderson Maia (percussão), Alexandre Pacato (zabumba)
e Rick Oliveira (guitarra).
Gravado, mixado e
masterizado por Gabriel Tauk e Rodrigo Buzum nos estúdios Getauk e Balboa,
Petrópolis.
Produzido por Gabriel Tauk.
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